sábado, 5 de novembro de 2011

Alfabeto Gaúcho:



A
acabresto:
Conduzido pelo cabresto. Submetido.
à meia guampa: Meio embriagado, levemente ébrio.
abichornado: Aborrecido, triste, desanimado.
anca: Quarto traseiro dos quadrúpedes. Garupa do cavalo. O traseiro do
vacum.
B
bicheira: Ferida nos animais,
contendo vermes depositados pelas moscas varejeiras. Para sua cura, além de
medicação, são largamente utilizadas as simpatias e benzeduras.
bidê: Mesinha de cabeceira.
biriva: Nome dado aos habitantes de cima da Serra, descendentes de
bandeirantes, ou aos tropeiros paulistas, os quais geralmente andavam em mulas
e tinham um sotaque especial diferente do da fronteira ou da região baixa do
Estado. Variações: beriva, beriba, biriba.
bolicheiro: Dono de bolicho.
bolicho: Casa de negócio de pequeno sortimento e de pouca importância.
Bodega. Taberninha.
bugio: Pelego curtido e pintado, em geral forrado de pano. Animal da
Serra.


C
carreira: Corrida de cavalos, em cancha reta. Quando participam da
carreira mais de dois parelheiros, esta toma o nome de penca ou califórnia.
caudilho: Chefe militar. Manda-chuva.
chalana: Lanchão chato.
china: Descendente ou mulher de índio, ou pessoa do sexo feminino que
apresenta alguns dos característicos étnicos das mulheres indígenas. Cabocla,
mulher morena. Mulher de vida fácil. (Parece provir do quíchua, xina, que
significa aia).
chineiro: Grande número de chinas, índias ou caboclas.
chorro: Jorro.
cincha: Peça dos arreios que serve para firmar o lombilho ou o serigote sobre o
lombo do animal.
colhudo: Cavalo inteiro, não castrado. Pastor. Figuradamente, diz-se do
sujeito valente, que enfrenta o perigo, que agüenta o repuxo.
corredor: Estrada que atravessa campos de criação, deles separada por
cercas em ambos os lados. Há, entre as cercas, regular extensão de terra, onde,
por vezes, se arrancham os que não têm onde morar.
cuiudo: O mesmo que colhudo.
cusco: Cão pequeno, cão fraldeiro, cão de raça ordinária. O mesmo que
guaipeca.
D
daí Tchê: Oi.
daga: Adaga, facão.
de vereda: Imediatamente, de momento, de uma vez.
dobrar o cotovelo: Beber, levantar o copo à boca.
doma: Ato de domar. Ato de amansar um animal xucro.
domador: Amansador de potros. Peão que monta animais xucros.
duro de boca: Diz-se do animal que não obedece à ação das rédeas.
duro de Pealar: Difícil de fazer, trabalhoso.
E
embretado: Encerrado no brete.
Metido em apertos, em apuros, em dificuldades; enrascado, emaranhado.
entrevero: Mistura, desordem, confusão, de pessoas, animais ou objetos.
Recontro em que as tropas combatentes, no ardor da luta, se misturam em
desordem, brigando individualmente, corpo a corpo, sem mais obedecer a comando,
usando predominantemente a arma branca.
estribo: Peça presa ao loro, de cada lado da sela, e na qual o cavaleiro
firma o pé.
F
facada: Pedido
de dinheiro feito por indivíduo vadio, incapaz de trabalhar, que não pretende
restituí-lo.
facho: O ar livre. Usado na expressão sair do facho.
fatiota: Terno; Conjunto de roupas do homem: calça, colete e paletó.
fiambre: Alimento para viagem, geralmente carne fria, assada ou cozida.
fazer a viagem do corvo: Sair e demorar muito a regressar.
flete: Cavalo bom e de bela aparência, encilhado com luxo e elegância.
funda: Estilingue, bodoque.
G
aniçar: Ganir.
gaudério: Pessoa que não tem ocupação séria e vive à custa dos outros,
andando de casa em casa. Parasita, amigo de viver à custa alheia.
graxaim: Guaraxaim, sorro, zorro. Pequeno animal semelhante ao cão, que
gosta de roer cordas, principalmente de couro cru e engraxadas ou ensebadas, e
de comer aves domésticas. Sai, geralmente, à noite. É muito comum em toda a
campanha.
gringo: Denominação dada ao estrangeiro em geral, com exceção do
português e do hispano-americano.
guaiaca: Cinto largo de couro macio, às vezes de couro de lontra ou de camurça,
ordinariamente enfeitado com bordados ou com moedas de prata ou de ouro, que
serve para o porte de armas e para guardar dinheiro e pequenos objetos.
guaipeca: Cão pequeno, cusco, cachorrinho de pernas tortas, cãozinho ordinário,
vira-lata, sem raça definida. Pequeno, de minguada estatura. Aplica-se, também,
às pessoas, com sentido depreciativo.
guasqueaço: Pancada, golpe dado com guasca. Relhaço, relhada, chicotada,
chibatada, correada, açoite.
guri: Criança, menino, piazinho, serviçal para trabalhos leves nas
estâncias.
H
há cachorro na cancha:
Significa que há alguma coisa atrapalhando a execução de determinado plano.
haraganear: Andar solto o animal por muito tempo, sem prestar serviço
algum.
I
Invernada: Grande
extensão de campo cercado. Nas estâncias, geralmente, há diversas invernadas:
para engordar, para cruzamento de raças, etc.
Iguaria: Culinária.
J
joão-grande: Pessoa alta.
L
lançante: Descida. Forte declive
num cerro ou coxilha; qualquer terreno em declive.
M
mamona: Diz-se de ou a terneira
de sobreano que ainda mama.
mangueira: Grande curral construído de pedra ou de madeira, junto à casa
da estância, destinado a encerrar o gado para marcação, castração, cura de
bicheiras, aparte e outros trabalhos.

N
negrinho:
Designação carinhoso que se dá a crianças ou a pessoa que se tem afeição.
num Upa: Num abrir e fechar de olhos; De golpe; Rapidamente.
O
oigalê: Exprime admiração, espanto, alegria.
orelhano: Animal sem marca, nem sinal.
P
paisano: Do mesmo país. Amigo,
camarada.
palanque: Esteio grosso e forte cravado no chão, com mais de dois metros
de altura e trinta centímetros aproximadamente de diâmetro, localizado na
mangueira ou curral, no qual se atam os animais, para doma, para cura de
bicheiras ou outros serviços.
papudo: Indivíduo que tem papo. Balaqueiro, jactancioso, blasonador. O
termo é empregado para insultar, provocar, depreciar, menosprezar outra pessoa,
embora esta não tenha papo.
peleia: Peleja, pugilato, contenda, briga, rusga, disputa, combate, luta
entre forças geligerantes.
pelear: Brigar, lutar, combater, pelejar, teimar, disputar.
pereba: Ferida de mau caráter, de crosta dura, que sai geralmente no
lombo dos animais. Mazela, sarna, cicatriz. Aplica-se, também, às feridas que
saem nas pessoas. Figuradamente, ponto fraco. Var.: Pereva ( parece provir do
tupi-guarani, perebi, mancha de sarna).
petiço: Cavalo pequeno, curto, baixo.
piá: Menino, guri, caboclinho.
piquete: Pequeno potreiro, ao lado da casa, onde se põe ao pasto os
animais utilizados diariamente.
poncho: Espécie de capa de pano de lã, de forma retangular, ovalada ou
redonda, com uma abertura no centro, por onde se enfia a cabeça. É feito
geralmente de pano azul, com forro de baeta vermelha. É o agasalho tradicional
do gaúcho do campo. Na cama de pelegos, serve de coberta. A cavalo, resguarda o
cavaleiro da chuva e do frio.
potrilho: Animal cavalar durante o período de amamentação, isto é, desde
que nasce até dois anos de idade. Potranco, potreco, potranquinho.
Q
que Tal?: Tudo
bem?.
queixo-Duro: Cavalo que não obedece facilmente à ação das rédeas.
quero-Mana: Denominação de antigo bailado campestre, espécie de
fandango. Canto popular executado ao som de viola.
R
rebenque: Chicote curto, com o cabo
retovado, com uma palma de couro na extremidade. Pequeno relho.
repontar: Tocar o gado por diante de um lugar para outro.

S
sanga: Pequeno curso d'água
menor que um regato ou arroio.
sarandi: Terra maninha.
soga: Corda feita de couro, ou de fibra vegetal, ou, ainda, de crina de
animal, utilizada para prender o cavalo à estaca ou ao pau-de-arrasto, quando é
posto a pastar. Corda de couro torcido ou trançado, que liga entre si as pedras
das boleadeiras: O termo é usado também em sentido figurado.
surungo: Arrasta pé, baile de baixa classe, caroço.
T
taipa: Represa de leivas, nas
lavouras de arroz. Cerca de pedra, na região serrana.
talho: Ferimento.
tapera: Casa de campo, rancho, qualquer habitação abandonada, quase
sempre em ruínas, com algumas paredes de pé e algum arvoredo velho. Diz-se da
morada deserta, inabitada, triste.
tirador: Espécie de avental de couro macio, ou pelego, que os laçadores
usam pendente da cintura, do lado esquerdo, para proteger e o corpo do atrito
do laço. Mesmo quando não está fazendo serviços em que utilize o laço, o homem
da fronteira usa, freqüentemente, como parte da vestimenta, o seu tirador que,
por vezes, é de luxo, enfeitado com franjas, bolsos e coldre para revólver.
tosa: Tosquia, toso, esquila.
tronqueira: Cada um dos grossos esteios colocados nas porteiras, os
quais são providos de buracos em que são passadas as varas que as fecham.
tropeiro: Condutor de tropas, de gado, de éguas, de mulas, ou de
cargueiros. Pessoa que se ocupa em comprar e vender tropas de gado, de éguas ou
de mulas. Peão que ajuda a conduzir a tropa, que tem por profissão ajudar a
conduzir tropas. O trabalho do tropeiro é um dos mais ásperos, pois, além das
dificuldades normais da lida com o gado, é feito ao relento, dia e noite, com
chuva, com neve, com minuano, com soalheiras inclementes, exigindo sempre
dedicação integral de quem o realiza.
U
uma-de-pé: Uma
briga, conflito, luta.
usted: Você. Usado só na fronteira.
V
vacaria: Grande
número de vacas; Grande extensão de campo que os jesuítas reservavam para
criação de gado bovino.
varar: Atravessar, cruzar.
vareio: Susto, sova, surra, repreensão.
vaza: Vez, oportunidade.
vil: Covarde, desanimado, fraco.
vivente: Pessoa, criatura, indivíduo.
X
xucro: Diz-se do animal ainda
não domado, chimarrão, bravio, esquivo, arisco.
Z
zarro:
Incômodo, difícil de fazer, chato.
zunir: Ir-se apressadamente.

Gislaine Pasa

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